quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

DEPRESSÃO...

Ansiedade


Toda a gente experimenta medo e ansiedade. O medo é uma resposta emocional, fisiológica e do comportamento perante o reconhecimento de uma ameaça externa (por exemplo, um intruso ou um veículo sem controlo). A ansiedade é um estado emocional desagradável que tem uma causa pouco clara e é frequentemente acompanhado por alterações fisiológicas e de comportamento semelhantes às causadas pelo medo. Por causa destas semelhanças, às vezes usam-se os termos «ansiedade» e «medo» de forma indistinta.
A ansiedade é uma resposta ao stress, como a interrupção de uma relação importante ou o ver-se exposto a uma situação de desastre com perigo de vida. Uma teoria sustenta que a ansiedade pode também ser uma reacção a impulsos reprimidos, agressivos ou sexuais, que ameaçam transbordar das defesas psicológicas que, normalmente, os mantêm sob controlo. Portanto, a ansiedade indica a presença de um conflito psicológico.
A ansiedade pode aparecer subitamente, como o pânico, ou gradualmente ao longo de minutos, de horas ou de dias. A duração da ansiedade pode ser muito variável, indo de poucos segundos a vários anos. A sua intensidade pode ir de uma angústia pouco perceptível a um pânico estabelecido.
A ansiedade actua como um elemento dentro de um leque amplo de respostas de acomodação que são essenciais para a sobrevivência num mundo perigoso. Um certo grau de ansiedade proporciona uma componente adequada de precaução em situações potencialmente perigosas. Na maior parte dos casos, o nível de ansiedade de uma pessoa sofre alterações apropriadas e imperceptíveis ao longo de um espectro de estados de consciência desde o sono até à vigília, passando pela ansiedade e pelo medo e assim sucessivamente. Em alguns casos, no entanto, o sistema de resposta à ansiedade funciona incorrectamente e é ultrapassado pelos acontecimentos; neste caso pode manifestar-se uma perturbação por ansiedade.
As pessoas reagem de forma diferente aos acontecimentos. Por exemplo, algumas pessoas gostam de falar em público enquanto outras ficam apavoradas. A capacidade de suportar a ansiedade varia segundo as pessoas e pode ser difícil determinar quando se trata de uma ansiedade anormal. No entanto, quando a ansiedade se apresenta em momentos inadequados ou é tão intensa e duradoura que interfere com as actividades normais da pessoa, então é considerada como uma perturbação. A ansiedade pode ser tão stressante e interferir tanto com a vida de uma pessoa que pode conduzir à depressão. (Ver secção 7, capítulo 84) Algumas pessoas têm uma perturbação por ansiedade e, ao mesmo tempo, uma depressão. Outras desenvolvem, primeiro, uma depressão e, depois, uma perturbação por ansiedade.
As perturbações por ansiedade são a perturbação psiquiátrica mais frequente. O diagnóstico de uma perturbação por ansiedade baseia-se, fundamentalmente, nos seus sintomas. No entanto, os sintomas de certas doenças (por exemplo, uma tiróide hiperactiva) ou os devidos ao uso de fármacos receitados pelo médico (corticosteróides) ou ao abuso de drogas (cocaína) podem ser idênticos aos sintomas de ansiedade. Uma história familiar de ansiedade pode ajudar o médico a estabelecer o diagnóstico, uma vez que tanto a predisposição para uma ansiedade específica como a predisposição geral para a ansiedade têm frequentemente carácter hereditário.
É importante efectuar um diagnóstico correcto, pois os tratamentos diferem de um tipo de ansiedade para outro. Segundo o tipo, a terapia do comportamento, os fármacos ou a psicoterapia, sós ou em combinações apropriadas, podem aliviar significativamente o sofrimento e a disfunção da maior parte dos doentes.
Como a depressão afecta a forma de actuar
Pode representar-se numa curva a influência da ansiedade na forma de actuar. À medida que aumenta o nível de ansiedade, aumenta de forma proporcional a eficiência das actuações, mas só até um certo ponto. Quando a ansiedade supera esse ponto, a eficiência das actuações diminui. Antes de atingir o pico da curva, a ansiedade é um meio adaptativo, porque ajuda as pessoas a prepararem-se para uma crise e a melhorar as suas competências. Mas para além do pico da curva, a ansiedade adapta-se mal e provoca sofrimento e disfunção.

Alterações da personalidade


As alterações da personalidade caracterizam-se por padrões de percepção, de reacção e de relação que são relativamente fixos, inflexíveis e socialmente desadaptados, incluindo uma variedade de situações.
Cada um tem padrões característicos de percepção e de relação com outras pessoas e situações (traços pessoais). Dito de outro modo, toda a gente tende a confrontar-se com situações stressantes com um estilo individual, mas repetitivo. Por exemplo, algumas pessoas tendem a responder sempre a uma situação problemática procurando a ajuda de outros. Outras assumem sempre que podem lidar com os problemas por si próprias. Algumas pessoas minimizam os problemas, outras exageram-nos. Ainda que as pessoas tendam a responder sempre do mesmo modo a uma situação difícil, a maioria é propensa a tentar outro caminho se a primeira resposta for ineficaz. Em contraste, as pessoas com alterações da personalidade são tão rígidas que não se podem adaptar à realidade, o que debilita a sua capacidade operacional. Os seus padrões desadaptados de pensamento e de comportamento tornam-se evidentes no início da idade adulta, frequentemente antes, e tendem a durar toda a vida. São pessoas propensas a ter problemas nas suas relações sociais e interpessoais e no trabalho.
As pessoas com alterações da personalidade não têm, geralmente, consciência de que o seu comportamento ou os seus padrões de pensamento são desadequados; pelo contrário, muitas vezes pensam que os seus padrões são normais e correctos. Frequentemente, os familiares ou os assistentes sociais enviam-nos para receber ajuda psiquiátrica porque o seu comportamento desadequado causa dificuldades aos outros. Por outro lado, as pessoas com alterações por ansiedade causam problemas a si próprias, mas não aos outros. (Ver secção 7, capítulo 83) Quando as pessoas com alterações da personalidade procuram ajuda por si mesmas (frequentemente, por causa de frustrações), tendem a pensar que os seus problemas são provocados por outras pessoas ou por uma situação particularmente difícil.
As alterações da personalidade incluem os seguintes tipos: paranóide, esquizóide, esquizotípico, histriónico, narcisista, anti-social, limite, esquivo, dependente, obsessivo-compulsivo e passivo-agressivo. A alteração de identidade dissociativa, anteriormente chamada alteração da personalidade múltipla, é um perturbação completamente diferente. (Ver secção 7, capítulo 90).
Personalidade paranóide
As pessoas com uma personalidade paranóide projectam os seus próprios conflitos e hostilidades para os outros. São geralmente frias e distantes nas suas relações. Tendem a encontrar intenções hostis e malévolas por trás de actos triviais, inocentes ou mesmo positivos de outras pessoas e reagem com suspeição às mudanças nas situações. Muitas vezes, as suspeitas conduzem a comportamentos agressivos ou à rejeição por parte dos outros (resultados que parecem justificar os seus sentimentos originais).
Os que têm uma personalidade paranóide tentam frequentemente acções legais contra outros, especialmente se se sentem indignados com razão. São incapazes de ver o seu próprio papel dentro de um conflito. Embora costumem trabalhar num isolamento relativo, podem ser altamente eficientes e conscenciosos.
Por vezes, as pessoas que já se sentem alienadas por causa de um defeito ou de uma deficiência (como a surdez) são mais vulneráveis a desenvolver ideias paranóides.
Personalidade esquizóide
As pessoas com uma personalidade esquizóide são introvertidas, ensimesmadas e solitárias. São emocionalmente frias e socialmente distantes. Muitas vezes estão absortas nos seus próprios pensamentos e sentimentos e são receosas da aproximação e da intimidade com outros. Falam pouco, são dadas a sonhar acordadas e preferem a especulação teórica à acção prática. A fantasia é um modo frequente de se confrontar com a realidade.
Personalidade esquizotípica
As pessoas com uma personalidade esquizotípica, tal como as que têm uma personalidade esquizóide, encontram-se social e emocionalmente isoladas. Desenvolvem, além disso, pensamentos, percepções e comunicações insólitas. Embora estas originalidades sejam semelhantes às das pessoas com esquizofrenia (Ver secção 7, capítulo 90) e embora a personalidade esquizotípica se encontre, por vezes, nas pessoas com esquizofrenia antes de manifestarem totalmente a doença, a maioria dos adultos com uma personalidade esquizotípica não desenvolve esquizofrenia. Algumas pessoas mostram sinais de pensamento mágico (a ideia de que uma acção particular pode controlar algo que não tem qualquer relação com ela). Por exemplo, uma pessoa pode acreditar que vai ter realmente má sorte se passar por debaixo de uma escada ou que pode provocar dano a outros tendo pensamentos de ira. As pessoas com uma doença esquizotípica podem ter também ideias paranóides.
Personalidade histriónica
As pessoas com uma personalidade histriónica (histérica) procuram de um modo notório chamar a atenção e comportam-se teatralmente. As suas maneiras vivamente expressivas têm como resultado o estabelecimento de relações com facilidade, mas de um modo superficial. As emoções parecem muitas vezes exageradas, infantilizadas e idealizadas para provocar a simpatia ou a atenção (com frequência erótica ou sexual) dos outros. A pessoa com personalidade histriónica mostra-se inclinada a comportamentos sexualmente provocatórios ou a sexualizar as relações não sexuais. Podem não querer, na realidade, uma relação sexual; antes pelo contrário, muitas vezes os seus comportamentos sedutores encobrem o seu desejo de dependência e de protecção. Algumas pessoas com personalidade histriónica são também hipocondríacas e exageram os seus problemas físicos para conseguir a atenção de que necessitam.
Personalidade narcisista
As pessoas com uma personalidade narcisita têm um sentido de superioridade e uma crença exagerada no seu próprio valor ou importância, o que os psiquiatras chamam «grandiosidade». As pessoas com este tipo de personalidade podem ser extremamente sensíveis ao fracasso, à derrota ou à crítica e, quando se confrontam com um fracasso, para avaliarem a alta opinião de si próprios podem ficar facilmente raivosos ou gravemente deprimidos. Como pensam que são superiores nas relações com os outros, esperam ser admirados e, com frequência, suspeitam que os outros os invejam. Sentem que merecem que as suas necessidades sejam satisfeitas sem demora e, por isso, exploram os outros, cujas necessidades ou crenças são consideradas menos importantes. O seu comportamento é muitas vezes ofensivo para outros, que os acham egocentristas, arrogantes ou mesquinhos.
Personalidade anti-social
As pessoas com personalidade anti-social (noutro tempo chamada psicopática ou personalidade sociopática), a maior parte das quais são homens, mostram desprezo insensível pelos direitos e pelos sentimentos dos outros. Exploram os outros para obter benefício material ou gratificação pessoal (ao contrário dos narcisistas, que pensam serem melhores que os outros). Caracteristicamente, tais pessoas exprimem os seus conflitos de forma impulsiva e irresponsável. Toleram mal a frustração e, por vezes, são hostis e violentas. Apesar dos problemas ou do dano que causam a outros pelo seu comportamento anti-social, não sentem, tipicamente, remorsos ou culpabilidade. Ao contrário, racionalizam cinicamente o seu comportamento ou culpam os outros. As suas relações estão cheias de desonestidades e de enganos. A frustração e o castigo raramente os levam a modificar os seus comportamentos.
As pessoas com personalidade anti-social são frequentemente inclinadas ao alcoolismo, à toxicomania, aos desvios sexuais, à promiscuidade e a serem presas. São propensas ao fracasso nos seus trabalhos e a mudarem-se de um sítio para o outro. Frequentemente têm uma história familiar de comportamento anti-social, abuso de substâncias, divórcio e abusos físicos. Na sua infância, geralmente, foram descuidados emocionalmente e com frequência sofreram abusos físicos nos seus anos de formação. Têm uma esperança de vida inferior à média, mas entre os que sobrevivem, esta situação tende a diminuir ou a estabilizar-se com a idade.
Personalidade limite
As pessoas com uma personalidade limite, a maior parte das quais são mulheres, são instáveis na percepção da sua própria imagem, no seu humor, no seu comportamento e nas suas relações interpessoais (que muitas vezes são tempestuosas e intensas). A personalidade limite torna-se evidente no início da idade adulta, mas a prevalência diminui com a idade. Estas pessoas foram muitas vezes privadas dos cuidados necessários durante a infância. Consequentemente, sentem-se vazias, furiosas e merecedoras de cuidados.
Quando as pessoas com uma personalidade limite se sentem assistidas, mostram-se solitárias e desamparadas, necessitando frequentemente de ajuda pela sua depressão, pelo abuso de substâncias tóxicas, pelas alterações do apetite e pelo mau trato recebido no passado. No entanto, quando receiam o abandono da pessoa que as assiste, o seu humor muda radicalmente. Com frequência mostram uma cólera despropositada e intensa, acompanhada por alterações extremas na sua visão do mundo, de si próprias e dos outros (mudando do preto para o branco, do amor para o ódio ou vice-versa, mas nunca para uma posição neutra). Se se sentirem abandonadas e sós, podem chegar a interrogar-se se realmente existem (isto é, não se sentem reais). Podem tornar-se desesperadamente impulsivas, implicando-se numa promiscuidade ou num abuso de substâncias tóxicas. Por vezes, perdem de tal modo o contacto com a realidade que têm episódios breves de pensamento psicótico, paranóia e alucinações.
Estas pessoas são vistas, muitas vezes, pelos médicos dos cuidados primários de saúde; tendem a visitar com frequência o médico por crises repetidas ou queixas difusas, mas não cumprem as recomendações do tratamento. Esta alteração da personalidade é também a mais frequentemente tratada pelos psiquiatras, porque as pessoas que sofrem dela procuram incessantemente alguém que cuide delas.
Personalidade esquiva
As pessoas com uma personalidade esquiva são hipersensíveis à rejeição e temem começar relações ou qualquer outra coisa nova pela possibilidade de rejeição ou de decepção. Estas pessoas têm um forte desejo de receber afecto e de serem aceites. Sofrem abertamente pelo seu isolamento e falta de capacidade de se relacionarem comodamente com os outros. Ao contrário daquelas que têm uma personalidade limite, as pessoas com uma personalidade esquiva não respondem com a cólera à rejeição; em vez disso, apresentam-se tímidas e retraídas. A alteração da personalidade esquiva é semelhante à fobia social. (Ver secção 7, capítulo 83).
Personalidade dependente
As pessoas com uma personalidade dependente transferem as decisões importantes e as responsabilidades para os outros e permitem que as necessidades daqueles de quem dependem se anteponham às suas próprias. Não têm confiança em si próprias e manifestam uma intensa insegurança. Muitas vezes queixam-se de que não podem tomar decisões e de que não sabem o que fazer nem como fazer. Rejeitam dar opiniões, embora as tenham, porque temem ofender as pessoas de que necessitam. As pessoas com outras alterações da personalidade apresentam frequentemente aspectos da personalidade dependente, mas estes sinais ficam geralmente encobertos pela predominância da outra perturbação. Alguns adultos com doenças prolongadas desenvolvem personalidades dependentes.
Personalidade obsessivo-compulsiva
As pessoas com personalidade obsessivo-compulsivo são formais, fiáveis, ordenadas e metódicas, mas muitas vezes não se podem adaptar às mudanças. São cautelosas e analisam todos os aspectos de um problema, o que dificulta a tomada de decisões. Embora estes sinais estejam em consonância com os padrões culturais do Ocidente, os indivíduos com uma personalidade obsessivo-compulsiva assumem as suas responsabilidades com tanta seriedade que não toleram os erros e prestam tanta atenção aos pormenores que não conseguem chegar a completar as suas tarefas. Consequentemente, estas pessoas podem entreter-se nos meios para realizar uma tarefa e esquecer o seu objectivo. As suas responsabilidades criam-lhes ansiedade e raramente encontram satisfação com os seus êxitos.
Estas pessoas são frequentemente grandes personalidades, especialmente nas ciências e noutros campos intelectuais onde a ordem e a atenção aos pormenores são fundamentais. No entanto, podem sentir-se desligadas dos seus sentimentos e incomodadas com as suas relações ou outras situações que não controlam, com acontecimentos imprevisíveis ou quando devem confiar nos outros.
Personalidade passivo-agressiva
Os comportamentos de uma pessoa com uma personalidade passivo-agressiva (negativista) têm como objectivo encoberto controlar ou castigar os outros. O comportamento passivo-agressivo é frequentemente expresso como demorado, ineficiente e mal-humorado. Muitas vezes, os indivíduos com uma personalidade passivo-agressiva aceitam realizar tarefas que na realidade não desejam fazer e a seguir o seu procedimento é o de minar subtilmente a concretização dessas tarefas. Esse comportamento geralmente serve para exprimir uma hostilidade oculta.
Diagnóstico
O médico baseia o diagnóstico de uma alteração da personalidade na expressão, pelo indivíduo, de tipos de comportamento ou de pensamentos desadaptados. Estes comportamentos tendem a manifestar-se porque a pessoa resiste tenazmente a mudá-los apesar das suas consequências desadaptadas.
Além disso, é provável que o médico perceba a utilização inapropriada por parte da pessoa de mecanismos de confrontação, muitas vezes chamados mecanismos de defesa. Embora toda a gente utilize, inconscientemente, mecanismos de defesa, a pessoa com alterações da personalidade utiliza-os de forma desadequada ou imatura.
Tratamento
Embora os tratamentos difiram de acordo com o tipo de alteração da personalidade, alguns princípios gerais podem ser aplicados a todos. A maior parte das pessoas com uma alteração da personalidade não sente a necessidade de tratamento e, provavelmente por essa razão, costumam dirigir-se à consulta acompanhados de outra pessoa. Geralmente, o doente pode responder ao apoio que se lhe presta, mas costuma manter-se firme quanto aos padrões de pensamento e de comportamentos próprios da sua desadaptação. Em regra, o apoio é mais eficaz quando intervêm outros doentes ou um psicoterapeuta.
O terapeuta destaca repetidamente as consequências indesejáveis da forma de pensar e de comportar-se do doente, fixa por vezes limites a esse comportamento e confronta também de forma repetida o doente com a realidade. É útil e muitas vezes essencial a implicação da família da pessoa afectada, dado que a pressão do grupo pode ser eficaz. As terapias de grupo e familiares, viver em grupo em residências especializadas e a participação em clubes sociais terapêuticos ou em grupos de auto-ajuda podem ser úteis.
Estas pessoas, por vezes, têm ansiedade e depressão, que esperam aliviar com fármacos. No entanto, a ansiedade e a depressão que resultam de uma alteração da personalidade são raramente aliviadas com medicamentos de forma satisfatória e tais sintomas podem indicar que a pessoa está a realizar algum auto-exame saudável. Mais ainda, a terapia farmacológica complica-se frequentemente pelo mau uso dos medicamentos ou por tentativas de suicídio. Se a pessoa sofre de outra perturbação psiquiátrica, como depressão funda, fobia ou perturbação por pânico, a tomada de medicamentos pode ser adequada, embora possivelmente produzam só um alívio limitado.
Mudar uma personalidade requer muito tempo. Nenhum tratamento a curto prazo pode curar com êxito uma alteração da personalidade, mas certas mudanças podem conseguir-se mais rapidamente do que outras. A temeridade, o isolamento social, a ausência de auto-afirmação ou os improvisos temperamentais podem responder à terapia de modificação do comportamento. No entanto, a psicoterapia a longo prazo (terapia falada), com o objectivo de ajudar a pessoa a compreender as causas da sua ansiedade e a reconhecer o seu comportamento desadaptado, é a chave da maioria dos tratamentos. Alguns tipos de alterações da personalidade, como o narcisista ou o obsessivo-compulsivo, podem tratar-se melhor com a psicanálise. Outros, como os tipos anti-social ou paranóide, raramente respondem a uma terapia.



Possíveis consequências das alterações da personalidade
As pessoas com graves alterações de personalidade correm um alto risco de ter comportamentos que podem trazer-lhes doenças físicas, como a dependência do álcool ou das drogas; comportamento autodestrutivo; comportamentos sexuais de risco; hipocondria, e conflitos com os valores sociais.
As pessoas com alterações de personalidade são propensas a cair em processos psiquiátricos devido ao stress; o tipo de perturbação psiquiátrica (por exemplo, ansiedade, depressão ou psicose) depende em parte do tipo de alteração da personalidade.
As pessoas com alterações de personalidade são menos propensas a seguir uma norma de tratamento prescrita; mesmo quando a seguem, há menos probabilidade do que a habitual de responderem à medicação.
As pessoas com alterações de personalidade têm muitas vezes uma relação limitada com os seus médicos porque renunciam a resposabilizar-se pelo seu comportamento ou sentem-se altamente desconfiadas, dignas ou necessitadas. Os médicos podem então tornar-se culpabilizadores, desconfiados e, em última instância, rejeitar a pessoa.

Mecanismos de defesa: modos imaturos de enfrentamento
Mecanismos de defesa Descrição Resultado
Dissociação Permite a uma pessoa evitar as sensações actuais. Causa uma experiência temporária, mas drástica, de sentimento de separação de si próprio, de não existência ou de estar num mundo irreal; pode provocar um estado de fantasia (fuga ou transe); pode resultar numa procura de estímulos ou num comportamento autodestrutivo.
Projecção Permite a uma pessoa atribuir aos outros os seus próprios sentimentos ou pensamentos. Conduz a preconceitos, suspeitas e preocupação excessiva com os perigos externos.
Fantasia Proporciona uma fuga aos conflitos e à realidade dolorosa (por exemplo, a solidão) Permite que a imaginação e as crenças próprias se misturem com o mundo exterior e, sobretudo, com outras pessoas.
Expressão Permite que uma pessoa evite pensar numa situação dolorosa ou experimentar uma emoção dolorosa. Conduz a actos que são muitas vezes irresponsáveis, temerários e estúpidos.
Divisão Capacita uma pessoa para ter percepções de tipo branco ou preto, tudo ou nada, e para dividir as pessoas em grupos idealizados de salvadores com toda a bondade e de vis malfeitores com toda a maldade. Elimina a incomodidade de ter simultaneamente sentimentos de amor e de ódio pela mesma pessoa, assim como sentimentos de incerteza e de desamparo.



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