O governo municipal do Rio de Janeiro investiu cerca de R$ 9 milhões na
reforma do colégio Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio
de Janeiro, onde há exatamente um ano o ex-aluno Wellington Menezes de
Oliveira, 23, matou 12 crianças e feriu outras 12.
Foto 12 de 13 - Mural
de azulejos construído pelos alunos tem ilustrações e homenagens às
vítimas. O painel fica em uma das áreas de lazer do reformado o colégio
Tasso da Silveira Hanrrikson de Andrade/UOL
As marcas físicas da chacina foram apagadas, mas as consequências
psicológicas de um crime sem precedentes no país ainda podem ser
observadas. "A sensação é a de que alguma coisa pode acontecer a
qualquer momento. Definitivamente, eles ainda não superaram", diz a
professora Marta Nunes.
Ela era a responsável pelas aulas de geografia das turmas que tiveram
vítimas do atirador. "Eram alunos ótimos, que nunca deram qualquer tipo
de trabalho. Os colegas sentem muita falta e até hoje fazem referência",
afirma. "Já tive que parar aula em função de crises de choro. É um
processo muito doloroso."
A professora considera que a quebra da rotina escolar em razão da
reforma dificultou o processo de assimilação e superação do trauma.
"Durante as obras, cada aula era uma situação diferente. Muitos alunos
choravam, se desesperavam, principalmente por causa do barulho. Um
aluno, por exemplo, já achou que alguém estivesse atirando."
O diretor do colégio, Luís Marduk, tem outra visão a respeito da
reforma. Para ele, a quebra da rotina escolar foi importante no sentido
de tirar o foco da tragédia. "As obras alteraram a nossa rotina,
passamos a ter novas preocupações e uma sensação de construção de um
futuro. Isso foi importante para que a comunidade escolar parasse de
pensar um pouco no que aconteceu".
As obras duraram cerca de nove meses e garantiram ao Tasso da Silveira a
condição de escola “modelo”, considerada uma das melhores unidades da
rede pública de ensino. As novas instalações são modernas e atendem aos
princípios da acessibilidade. Um prédio anexo foi erguido para ampliar a
capacidade. Todas as salas ganharam recursos multimídia.
A estrutura também foi alterada: as salas nas quais Wellington Menezes
de Oliveira abriu fogo contra estudantes deram lugar a um banheiro e a
uma passagem para o prédio anexo. Nos corredores, há murais com
mensagens exaltando o futuro da escola.
A antiga entrada do colégio não existe mais. O acesso ao novo portão se
dá pela rua Jornalista Marques Lisboa, onde antigamente havia um
estacionamento. A praça que fica ao lado da unidade educacional também
foi reformada e hoje conta com aparelhos de atividade física para a
comunidade.
Na área de lazer da unidade de ensino, um mural de azulejos reproduz
mensagens, desenhos, ilustrações, e outras manifestações dos alunos.
"Meu desenho está bem ali", aponta Jéssica Silva, 13. Ela perdeu duas
amigas na chacina, e ambas estão representadas na imagem. "Nunca vou
esquecer das nossas brincadeiras. Elas eram grandes amigas e hoje estão
se divertindo muito no céu. Prefiro pensar assim".
O sistema de segurança recebeu atenção especial: foram instaladas 16
câmeras para monitorar todo o perímetro do colégio, além das quatro que
já existiam antes do ataque. O colégio também passou a contar com
porteiros trabalhando em horário fixo e guardas municipais reforçam a
segurança dentro e fora do colégio. Os visitantes só podem circular
pelas dependências da unidade educacional com autorização e
acompanhamento, segundo a direção.