24/01/2012 20h15
- Atualizado em
24/01/2012 20h49
Sobrevivente de caso Juan depõe após pedir saída de PMs de tribunal
Acusados do crime acompanhavam Audiência de Instrução e Julgamento.
Menino Juan foi morto em junho de 2011, em favela da Baixada Fluminense.
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O menino Juan, morto em junho de 2011
(Foto: Reprodução/TV Globo)
O rapaz de 20 anos que foi ferido e sobreviveu à ação em que o menino Juan Moraes foi morto, em junho do ano passado, pediu que os quatro policiais militares acusados
de homicídio, ocultação de cadáver e tentativa de homicídio, deixassem o
tribunal antes de começar a prestar depoimento, no início da noite
desta terça-feira (24). De chapéu preto e óculos escuros, na tentativa
de evitar ser reconhecido, o jovem alegou ter medo do que os policiais
militares possam fazer contra ele, devido ao episódio, ocorrido na
Favela Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.(Foto: Reprodução/TV Globo)
Na época do crime, o jovem trabalhava como repositor de mercadorias de uma loja. Atualmente ele está no programa de proteção a testemunhas, assim como o irmão de Juan, que também foi ferido. Mas, segundo o Marcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, o irmão de Juan não deverá ser ouvido na audiência desta terça.
A defesa dos PMs solicitaram o indeferimento do pedido da testemunha, assim como a anulação do processo. O defensor de um dos policiais e o advogado dos outros três PMs alegaram que os réus não teriam o direito à ampla defesa e isso prejudicaria todo o processo. Mas o juiz deu prosseguimento ao depoimento da testemunha, após a promotora Júlia Costa da Silva Jardim alegar que a anulação do processo seria inconstitucional.
Durante o depoimento, o rapaz contou que não tinha ido à escola na noite do crime por ter esquecido a apostila em casa e que passava pelo beco na noite do crime para encontrar uma jovem. Na ocasião, segundo ele, também passavam pelo local Juan e seu irmão. "Começou o tiroteio vindo na nossa direção, só na nossa direção. Eu vi quando o Juan caiu na minha frente. (...) Foi ali que eu me desesperei", contou a testemunha.
Segundo o rapaz, ele não estava armado, nem Juan ou o irmão dele. "Não vi ninguém do beco atirar em qualquer direção", afirmou.
A Audiência de Instrução e Julgamento começou na tarde desta terça-feira (24), com o depoimento da primeira testemunha de acusação, Adriana de Souza, mãe de Igor de Souza, de 17 anos, também morto na ação policial.
A polícia, na época, afirmou que Igor seria traficante de drogas. A mãe, entretanto, negou a acusação durante esta tarde. Ela disse que depois da morte do filho ouviu dizer que ele consumia drogas, mas não soube nada sobre tráfico.
Adriana afirmou também que ouviu vizinhos dizerem que Igor estava andando armado. Ela disse ainda que o filho estava sem trabalhar e sem estudar havia seis meses. E lembrou que estava em casa quando ocorreu a ação em que seu filho foi morto. "Escutei o barulho dos tiros da minha casa, mas não sei quem deu. Ouvi muitos tiros", contou.
A Audiência de Instrução e Julgamento começou por volta das 14h30 e o juiz da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu pretende ouvir oito testemunhas de acusação nesta terça. Adriana afirmou que não conhecia Juan e disse que não tem interesse em saber quem matou seu filho, porque isso não irá trazê-lo de volta.
Os quatro PMs respondem a processo pelo homicídio de Juan e ocultação de seu cadáver e pelo homicídio do suposto traficante, na mesma ação. A Justiça decretou a prisão preventiva dos quatro réus no dia 16 de setembro. Mas os policiais já estavam presos temporariamente desde o dia 21 de julho.
Outros dois jovens foram baleados durante a operação da PM, mas sobreviveram.
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