“Defensoria vê falhas em obra de Eike Batista”
“Representantes
do Conselho de Direitos Humanos vistoriam construção do porto do Açu e
constatam arbitrariedades contra população da área
SERGIO TORRES , ENVIADO ESPECIAL , SÃO JOÃO DA BARRA - O Estado de S.Paulo
Em
vistoria feita de surpresa nos dois últimos dias em São João da Barra
(norte fluminense), representantes do Conselho de Direitos Humanos do
Estado do Rio constataram a prática de arbitrariedades contra a
população da área desapropriada para a construção do porto do Açu,
empreendimento do megaempresário Eike Batista.
A
presidente do conselho, Andréa Sepúlveda, disse ontem que os
proprietários rurais são pressionadas a deixar suas terras com rapidez e
por remuneração inferior aos preços de mercado.
Defensora
pública, Andréa percorreu a região acompanhada de dirigentes da
Pastoral da Terra e da Associação de Proprietários Rurais e de Imóveis
do Município de São João da Barra. Ela chegou a se reunir com cerca de
50 ruralistas em uma propriedade batizada de "casa da resistência", onde
integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
instalaram-se em dois barracões. "Os moradores gostariam de negociar
melhor as indenizações. Há pressão, assédio moral. O projeto todo de
ocupação da terra deveria ter sido discutido antes com a população",
afirmou ela.
Ao
ser informado no Rio da presença de integrantes do conselho - vinculado
à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, mas com autonomia de atuação
- em São João da Barra, o secretário estadual de Desenvolvimento
Econômico, Júlio Bueno, disse que gostaria de ter sido procurado antes.
"Estranho muito que o conselho não tenha vindo me perguntar em primeiro
lugar. O ato de força da desapropriação nunca é agradável, é imperial,
mas é um ato da democracia brasileira. Ele se dá pelo pagamento da
propriedade. O objetivo é o bem coletivo. É muito mais importante fazer
aço do que plantar maxixe, com todo respeito a quem planta maxixe",
afirmou ele, em referência à futura instalação de uma siderúrgica do
grupo ítalo-argentino Ternium no parque industrial do Açu.
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